segunda-feira, 16 de agosto de 2010

E-JOVEM apresenta carta-compromisso aos candidatos

Telão armado no meio da praça:
E-jovem indo onde a juventude está

Na última sexta-feira, a galera do Grupo E-jovem em Campinas (E-CAMP) fez um evento em praça pública para apresentar e aprovar a carta-compromisso que será oferecida aos candidatos dessas eleições.

A carta, cujo conteúdo foi escrito pelos próprios jovens, reúne suas demandas mais importantes. "Nos dividimos em grupos e levantamos as lutas que gostaríamos que todos os candidatos abraçassem conosco," explica Karinna Beauty, 14, coordenadora do E-CAMP. "Depois, cada grupo precisou apresentar e defender sua proposta. De 21 ideias, fechamos em 5, sendo a prioritária a criação de Planos e Conselhos LGBT."

Bruna Baby explica as funções de um Conselho

Essa proposta foi defendida por Bruna Baby, coordenadora de travestis adolescentes do E-CAMP. "Nos conselhos nós podemos elaborar todas as outras propostas, além de ficar de olho no governo pra ver se eles estão cumprindo o que prometeram," afirma a jovem travesti.

Galera parou na praça do Sucão pra assistir

A apresentação, na praça Bento Quirino, tradicional ponto de encontro gay de Campinas, atraiu o interesse da juventude LGBT, que parou para ouvir seus colegas e aprovou as propostas por unanimidade. Binho Silva, vice-presidente da União da Juventude Socialista de Campinas, e Denílson Jr., diretor LGBT da União Nacional dos Estudantes, também estiveram na praça e se impressionaram com a movimentação.

Binho, da UJS: juventude unida contra a homofobia

"A UJS também luta contra a violência homofóbica, que nos atinge mesmo quando pensamos estar mais seguros," disse Binho ao microfone, apontando o bar CampChopp, ao lado, onde o jovem Jonathan Prado foi agredido há um mês.

Denílson Jr., diretor LGBT da UNE

"Não é de hoje que a UNE luta contra o preconceito nas universidades e o E-jovem sempre é um exemplo de mobilização juvenil LGBT," falou Denílson.

Confira abaixo a íntegra da carta-compromisso. Candidatos interessados em assiná-la podem imprimir, assinar e mandar por e-mail para voto2010@e-jovem.com. Todos serão indicados como candidatos amigos das gay.

Por um amanhecer mais colorido

Combater as desigualdades e promover a luta pelos direitos das pessoas: essas bandeiras são o norte das propostas do Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados aos candidatos às eleições proporcionais e majoritárias de 2010.


O E-jovem entende que o espaço legislativo, mais do que administrar leis e servir como ponto de equilíbrio para o poder executivo, é, em essência, o palco para a construção de uma sociedade justa e igualitária, formada por um povo soberano.

Nesse sentido, a atuação da sociedade civil organizada e de seus representantes eleitos deve ser sempre para garantir que em cada projeto aprovado, em cada elemento orçamentário, esteja em foco a felicidade das pessoas.

A política, mais do que qualquer outra área das relações humanas, deve ser isso: uma fonte geradora de felicidade. Elementos contrários a isso não faltam.

Por isso, estaremos lá para combater esses sentimentos ultrapassados de preconceito e discriminação. Juntos na construção de uma sociedade mais justa, o E-jovem propõe aos cantidatos a Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores, Governador e Presidente que a juventude LGBT seja lembrada. Por um horizonte mais colorido.

Essa juventude LGBT, reunida no E-jovem para avaliar suas prioridades para 2011, elencou a criação de Conselhos e Planos LGBT em todas as esferas, como estratégias de atuação. Para, principalmente, fazer avançar temas como o casamento civil, defesa dos direitos de filhos de casais homossexuais, combate à homofobia nas escolas e o combate à violência homofóbica.

Portanto, como candidato, declaro publicamente que:


SOU um candidato que apoia a criação e o funcionamento de Conselhos e Planos LGBT – Os conselhos são a nova forma de controle social disponível a uma comunidade. Para que todas as demandas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT) sejam devidamentge implantadas, monitoradas e avaliadas, é essencial que seja estimulada a criação de Conselhos LGBT em todos os níveis (municipal, estadual e federal). Esses conselhos deverão formular o Plano LGBT local, discutido com a comunidade, e apresentá-lo ao executivo e ao legislativo, para que seja implantado.


SOU um candidato que apoia o casamento civil igualitário – O casamento civil é um direito civil de todos os cidadãos brasileiros. Todos? Não. Uma parcela da população, devido a uma formulação equivocada na legislação, não possui esse direito: casais formados por dois homens ou duas mulheres. Vários países já estão corrigindo isso, como a Espanha, Portugal e Argentina. Chegou a hora do Brasil também estender esse direito a todos e todas.


SOU um candidato que defende os direitos de filhos de casais homossexuais – Muitos pensam na questão da adoção apenas do ponto de vista de quem está adotando. Poucos pensam nos direitos da criança. Uma criança, filhos de pais gays ou de mães lésbicas ou de um casal onde um dos pais é travesti, tem o direito de ser reconhecida como filho ou filha deste casal – e ter acesso a todos os direitos que essa filiação lhe confere.


SOU um candidato que apoia o programa Saúde e Prevenção nas Escolas – O Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), do Governo Federal, precisa se tornar uma política de Estado. É preciso transformarf em lei essa parceria entre Saúde e Educação e os governantes precisam incluir essa ação na estrutura de ambas as secretarias. Os jovens estudantes precisam ter mais acesso aos seus direitos de usuários do Sistema Único de Saúde, e isso vai desde ter mais informações de prevenção às DST/AIDS até o combate à homofobia nas escolas. Um ambiente sem preconceito é um ambiente mais saudável.


SOU um candidato que fortalece a luta contra a homofobia – A cada 2 dias um homossexual é barbaramente assassinado no país. Esses crimes dificilmente são tratados como crimes homofóbicos porque esse é um tipo de crime ainda não tipificado no Brasil. É preciso aprovar o Projeto de Lei da Câmara 122, de 2006, que criminaliza a homofobia. É preciso que os governos apliquem, divulguem, fiscalizem e façam valer suas leis estaduais anti-homofobia, como a 10.948, que pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero no Estado de São Paulo. O Governo de SP nunca produziu materiais de divulgação desse lei, mas espalhou por todo o estado a divulgação da Lei Anti-Fumo. Parece que, em SP, é pior fumar em locais coletivos que agredir uma lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual.

Data e Assinatura
Nome legível do candidato/Partido/Número

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Juventude Gay & Segurança Pública

Pelo segundo ano consecutivo, o Grupo E-jovem promoveu discussões sobre a violência que assola a juventude LGBT em Campinas. Somente em julho, duas graves agressões a membros da nossa comunidade - fora as diárias violências do dia a dia...

Veja a que ponto chegou a coisa: Na sexta-feira, dia 23, para lembrar dos 5 anos do enforcamento daqueles dois adolescentes gays no Irã e o primeiro mês damorte do Alexandre Ivo, do Rio de Janeiro, jovens do E-CAMP realizaram uma manifestação em frente à Catedral Metropolitana, em homenagem ao jovem Jhonatan Prado, agredido violentamente na cabeça por um funcionário de bar.

E-CAMP reunido em frente à Catedral
no mesmo dia da morte de Camille

"Enquanto estamos aqui, lutando pelos nossos direitos, alguém pode estar sendo espancado e morto em outro ponto da cidade," disse Max Rodrigues, presidente do E-CAMP, em uma de suas falas.

Nesse mesmo dia e horário (20h), não muito longe dali, a travesti Cotonete estava sendo espancada a pauladas.

Isso é MAIS do que uma trágica coincidência. É sinal de que o Estado virou as costas MESMO pras gay - e que as gay estão abraçando essa "marginalidade" e adotando comportamentos cada vez mais vulneráveis. Quem aqui não conhece jovens que passam as noites nas ruas, saem com qualquer um pra encontros fortuitos no meio do mato, em carros desconhecidos. É pura sorte não termos tido mais mortos na cidade.

Galera E-jovem em ação:
debatendo a violência contra a juventude LGBT

Ontem, domingo, os meninos e meninas do E-CAMP conversaram sobre isso. Sobre esse risco, a parcela da sociedade, e que podemos fazer nós,comunidade, a respeito. Antigas ideias foram revisitadas, novas propostas foram levantadas e - principalmente - algumas ações concretas foram debatidas.

O que achei muito bom.

O que saiu de concreto:
  • O E-CAMP vai se reunir dia 6, às18h, em sua sede, para pensar numa manifestação de luto pela Cotonete;
  • No dia 7, sábado, às 10h, começam aulas de Defesa Pessoal LGBT, na Escola Jovem LGBT;
  • No dia 13, sexta, às 20h, vamos apresentar nossas propostas na praça do Sucão, pra meninada LGBT. Nesse dia vamos aproveitar pra convidar candidatos que queiram apoiar as gay pra assinar embaixo das nossas demandas.
É isso aí!! Se a gente não for pela gente, quem será por nós??

Beijo do Deco =]

Esse Movimento Gay de Campinas...!

A semana que passou foi muito triste para o movimento gay de Campinas... Perdemos uma de nossas militantes, a Camille (ou Camily), que muitos chamavam pelo apelido de Cotonete. Uma dó.

Segundo os relatos mais apurados, um cara a viu na rua e foi pra roubar e, quem sabe, estuprar. Descobriu que não eramulher, era travesti. E resolveu matar. Assim, "resolveu".

Camille foi espancada com tanta violência, com dois pedaços de madeira, que um prego ficou fincado em sua testa. Achando que ela estivesse morta, o assassino tentou serrar seu pescoço e arrastou seu corpo para jogá-lo em uma valeta - no que foi surpreendido por uma viatura de polícia. Foi e está preso.

Camille ficou cinco dias em coma, dois já em morte cerebral. Foi enterrada na quarta-feira. Seus órgãos, em perfeito estado, não foram doados por preconceito "Quem iria quereros órgãos de uma travesti?" No enterro, com mais de 200 pessoas, os coveiros riam e faziam graça: "É passeata gay?"

Nem na morte somos respeitados.

E o PIOR de tudo: um membro de um grupo LGBT de Campinas disparou e-mails disputando a "posse" do cadáver (e da memória) da Cotonete, alegando que ela pertencia somente àquela "família" - e a nenhum outro grupo. Que dispensava a ajuda de quem queria "se promover às custas da Camille". Tem cabimento uma coisa dessas??

Todo mundo sabia que a Cotonete frequentava atividades de vários grupos e sempre apoiou todo o movimento em Campinas, tanto quanto militante, como quanto trabalhadora do SUS. Estava nas manifestações sáficas do Moleca, nos domingos do E-jovem, em reuniões do Identidade... Totalmente despropositada essa disputa agora pelo seu espólio.

Mas tem gente que é pequena mesmo.

Ficam as lembranças: